quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Marc Chagall, o triunfo da música

Dando continuidade à programação de exposições que visitei, Marc Chagall -  o triunfo da música,  foi a última. Reservei a manhã fria do dia 2 de janeiro para conferir. Confesso que estava mais interessado em conhecer o novo prédio da Filarmônica de Paris, projeto caprichado do arquiteto Christian de Portzamparc. De fato, o prédio ficou espetacular. Sobre Chagall, lembro de ter perdido uma exposição em Roma em 2012. Era também a chance de ter um encontro com esse artista.

No andar térreo, a grande exposiçao de Marc Chagall ocupava algumas salas. Quem foi ao Opéra Garnier já viu a imagem acima. Trata-se do teto do Teatro, pintado por Chagall, a convite de André Malraux. Nesta exposição, foram apresentadas em torno de 300 obras do artista ligadas à música, entre quadros, esculturas, desenhos, figurinos e cerâmicas.
 Théâtre d'Art Juif de Moscou - painel de 1920 

A exposição foi um mergulho no universo colorido e intenso de Chagall, cuja obra pouco conhecia e fiquei positivamente impressionado. 

 Figurinos de A Flauta Mágica

E fica aí uma dica para sua próxima viagem à Paris: ir até a sede da Filarmônica, seja para assistir um concerto ou ver uma exposição. É imperdível.

domingo, 12 de fevereiro de 2017

Encontros parisienses - 1

Como alguns já sabem, sou Guia de Turismo desde 2014 e venho trabalhando com o mercado francês, desde julho daquele ano. Nesta profissão, conhecemos muitas pessoas e as amizades surgem. Foi assim com Martine e Elisabeth, parisienses,  que tive o prazer de acompanhar em passeios aqui pelo Rio de Janeiro, em setembro de 2015. Logo que cheguei em Paris, liguei para Martine e agendamos um jantar para o primeiro dia do ano.

No metrô a caminho do restaurante (eu, Elisabeth e Martine)
É sempre bom reencontrar os clientes e poder reviver um pouco do que passaram aqui no Rio, conversar sobre as lembranças e impressões da cidade. Nosso encontro foi bem animado. Antes do jantar, tomamos um drink na casa da Martine e depois pegamos o metrô para irmos ao restaurante. Dia primeiro, pelo que parece, ninguém curte sair de casa. Chamou atenção o nosso vagão do metrô estar completamente vazio. 
Lembro que no período em que estiveram no Rio, falamos sobre alguns lugares e restaurantes de Paris e comentei sobre o La Regalade. Martine e Elisabeth não conheciam e eu achei que ia ser um ótimo lugar para nosso jantar.
 
La Regalade é um restaurante que tem um serviço impecável ... seus pratos são bem elaborados e o ambiente é simples e refinado. É um restaurante que atende aos conceitos do que os críticos chamam de "Bistronomie". Conheci em 2014, por indicação de um amigo e gostei muito. O almoço e o jantar tem um Menu com  preço fixo, no esquema entrada + prato + sobremesa. 
Ficamos instalados num dos ambientes que mais gosto, a Biblioteca. Martine e Elisabeth adoraram e riram muito pelo fato de serem parisienses e  conhecer um novo restaurante pelas mãos de um brasileiro. Respondi que Guias de Turismo sempre tem boas dicas. Gargalhadas. A noite foi perfeita e tudo estava muito bom. Como sempre não me poupo em fotografar os pratos. Aí estão minhas escolhas:
 Risoto de camarão, com tinta de lula, super cremoso e perfumado, foi a entrada.
Em seguida  Peito de porco caramelizado. Excelente.
E a sobremesa  Soufflé chaud au Grand Marnier.

Já passava das 23h quando saímos do restaurante e, como de hábito, pegamos o metrô e seguimos para nossas casas, prometendo novo jantar, desta vez, na casa de Elisabeth, tão logo retorne eu volte à Paris. E isso não deve demorar!

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Anote:
La Regalade
9, Rue du Conservatoire
9ème 

sábado, 11 de fevereiro de 2017

Iniciando 2016 com Arte - uma aula sobre costumes da Belle Époque

Já faz parte da tradição ir ao Musée d'Orsay no dia 1º de janeiro, para visitar a exposição temporária em cartaz e rever os clássicos eternos do Impressionismo. 
Cheguei ao museu uns 15 minutos antes da abertura, por volta de 9h15min. Havia uma fila de no máximo umas 30 pessoas. Segundo a tradição, ao menos até 2014, a entrada é gratuita no primeiro dia do ano, só que não ... Segundo a funcionária, este seria o primeiro ano que iriam cobrar ingressos. Sem choro, tive que desembolsar 12 Euros, mas valeu cada centavinho. Aliás, vale sempre.
 
Foto clássica junto ao cartaz da exposição para comprovar que você esteve lá...rsrsrsrs
Acho o Musée d'Orsay um dos mais bonitos de Paris e o que tem o acervo que me agrada mais. Sem contar essa arquitetura elegante da antiga estação ferroviária.

Esta foi a  primeira exposição consagrada ao tema da prostituição ... embora fosse tema presente nas telas de alguns artistas franceses e estrangeiros. Nunca havia sido montada uma exposição exclusiva, reunindo grande material sobre o tema. O Musée d'Orsay, como não podeira deixar de ser, reuniu obras de arte e objetos, além de fotos e filmes, para mostrar a vida das cortesãs que vivam nos salões no período da Belle Époque. Algumas, figuras conhecidas através das telas de Manet ou Toulouse-Lautrec. A exposição contava com trabalhos que abrange o período de 1850 até 1910. Ao atravessar a porta, entrei num mundo de risos discretos, pequenos gestos e muito glamour, mas também de tristeza, solidão e doenças. O título não poderia ser melhor "Splendeurs et Misères". 

Fico muito dividido quando o assunto é "proibido fotografar" nas salas de exposições. Lamento, porque muitas vezes são obras ou objetos tão raros e queremos ter o prazer de fazer o clic e guardar, mostrar para um amigo e até, de certa forma, chamar de "minha obra". Por outro lado, acho que podemos aproveitar mais da exposição e curtir o momento, sem ficar procurando o melhor ângulo e pior, atrapalhando quem quer apenas apreciar o belo. Sem contar o barulho dos cliques e pessoas que gostam de "interagir" com as obras.
Todavia, aproveitando um descuido de um monitor, ou correndo o risco de ser chamado atenção, fazemos olhar de paisagem e fotografamos. É um ato de rebeldia e um delicioso prazer. Internamente falamos "consegui!". Apesar da tensão do momento, não poderia deixar passar em branco e não fotografar a cama abaixo. Nem preciso dizer as viagens que fiz ao olhar essa cama, quase king size, extravagante e maliciosamente desarrumada, como se os amantes acabassem de levantar.
A cama pertenceu à Esther Lachmann, marquise de Païva, ou simplesmente, La Païva, como era conhecida.


A Paris do século XIX tinha seus bordéis e casas de tolerância, muitas frequentadas por celebridades da época e muitos nobres também. Certo rapaz inglês, de origem nobre, conhecido como Bertie, era um dos frequentadores assíduos. Muito forte e alto e, dizem, com apetite sexual insaciável, mandou construir esta cadeira, conhecida como  "siège d'mour". Assim, conseguia ter relações com duas mulheres ao mesmo tempo, sem muito esforço. Não ligou o nome à pessoa? Bertie, Príncipe de Gales e futuro Edward VII ... pensou em alguém conhecido???  
Olympia de Manet, um dos quadros mais famosos do pintor e que causou grande escândalo quando foi exposto em 1865. Por incrível que pareça, o que mais provocou a ira dos críticos à época nem foi a nudez, mas o olhar da mulher direto para o espectador.

Passei 3 horas na exposição, pois como disse, havia filmes e fotos. E a exposição não ficou restrita à prostituição feminina. Havia fotos e textos sobre a prostituição masculina também.

E como o assunto é inesgotável, na saída da sala encontramos vasto material sobre o tema. Livros, revistas e catálogos.
Saí da exposição, maravilhado pela qualidade, a apresentação e organização. Além de apreciar todas as obras, aprendi muito sobre os costumes de uma época da sociedade parisiense no século XIX. É sempre um programa obrigatório ir ao Musée d'Orsay.

E por que não rever os clássicos maravilhosos do Impressionismo? Não me canso.
Para minha surpresa,  desta vez,  podia fotografar e aí fiz uma festa! Desde 2002 frequento este museu e nunca deixo de visitá-lo. Acima, "O tocador de Pífaro" de Edouard Manet. 
 Outro clássico de Manet, "Déjeuner sur l'herbe"

 Champ de Coquelicots - Monet
 A elegante bailarina de Degas
 Gosto muito dessas telas de Renoir com casais dançando

 Van Gogh

Paul Gauguin

Tantas vezes for à Paris, tantas farei ao D'Orsay

Não foi surpresa ao sair, ver a multidão na fila, com frio e temperatura de uns 8 graus. Nada como chegar cedo.
 E Paris é assim, bela, mesmo quando cinza. Melhor início de ano, impossível!!!

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Mais um Réveillon na cidade luz

Já posso pedir música no Fantástico, terceiro Réveillon em Paris! 2010, 2013 e 2015! Lembro que em dezembro de 2014 estava na Praia do Flamengo e suava absurdamente, eram litros de suor e um calor senegalês, quase meia-noite e a gente derretendo de frente para o mar. Aí falei: "ano que vem vai ser em Paris, de novo!" O Universo disse amém.

Diferentemente das vezes anteriores, em 2015 optei por passar o Réveillon na rua, melhor, na Avenida mais famosa do mundo, a Champs-Elysées. Sempre ouvi que não era a melhor opção, não era seguro, ficava lotado etc etc etc. Decidi arriscar.
No Studio, telefonei para os amigos do Brasil para desejar Feliz Ano Novo e logo em seguida comecei os preparativos. Liguei a TV e sintonizei numa rádio clássica e como vocês podem ver na foto acima, ouvi Bach. Já no clima, preparei o jantar, camarões com molho picante e arroz aromático.  
 E de sobremesa... torta de frutas vermelhas!

Por volta de 22h30 saí e peguei o Metrô. Confesso que fiquei um pouco tenso com o horário. Por questões de segurança, a linha 1 do metrô só estava funcionando até a Estação Concorde. Então o jeito era ir a pé até a Champs-Elysées.
A surpresa foi que os trens não estavam lotados, apesar da multidão nas ruas e de todos os carros, tudo fluía muito bem. 
Logo no início da Avenida tudo tranquilo e as pessoas caminhando rápido para não perder nada da festa. Por incrível que pareça a noite não estava tão fria quanto eu imaginava. O clima no geral estava muito bom. Olhava as pessoas e notava um certo orgulho no olhar. Todos estavam ali para dizer "não temos medo". Vale lembrar que a festa de Réveillon em Bruxellas havia sido cancelada. 
A prefeitura proibiu a população de levar bebidas. Nada de champagne. Por conta disso, havia barreiras espalhadas pela Avenida. Ao todo foram três, sendo que a última era um funil e cada pessoa era revistada por policiais. 

Gostaria de ter ficado mais próximo ao Arco do Triunfo, mas para isso teria que ter saído de casa muito mais cedo. Mas valeu, estava com boa visibilidade. O espetáculo não ia ser o mesmo do ano anterior. Nada de fogos de artifício, mas apenas imagens dos parisienses em momentos de diversão e descontração.

 
Não sei exatamente em qual ponto estava, talvez no meio da avenida. Era um mar de gente. Resolvi parar ali porque depois da meia-noite teria que voltar todo o caminho até a Place de la Concorde.
Faltando dez minutos para o ano novo começaram  a mostrar as imagens e logo em seguida contagem regressiva. E voilà 2016 havia chegado! Foi bonito, foi diferente. Havia uma energia boa naquele momento e eu nunca mais vou esquecer.
 
Sonho realizado e mais um Réveillon na Cidade Luz. Não vi tumultos, nem brigas e tudo transcorreu em paz!

 
O retorno para o Studio no Marais foi mais tranquilo do que esperava. Na noite do Réveillon o metrô é gratuito e isso já facilita muito. Além disso, funcionários da RATP estão a postos controlando a multidão nas plataformas, pedindo para as pessoas avançarem, enfim, tudo super organizado.
Já em casa, hora de começar o ano de forma doce com esses mini macarons Pierre Hermé.

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